A existência de uma entidade suprema, sagrada ou divina, conduziu o Homem, desde o início da História, a uma busca constante de sítios, que pelo seu caráter místico ou simbólico o aproximavam do divino e o ajudavam a explicar o ininteligível.
É neste contexto de fé e de busca que, durante a Idade Média, surgem as grandes rotas de peregrinação para a Terra Santa, para Roma e, finalmente, para Santiago. Neste período, aproveitando as antigas vias romanas, os homens e mulheres caminhavam pelas «estradas velhas», com o objetivo de visitar o túmulo do Santo. Durante a longa viagem, física e espiritual, retemperavam o corpo e a alma nos mosteiros, hospitais e albergarias...
No Concelho de Viana do Castelo o traçado de uma antiga estrada romana manteve-se, praticamente inalterado, até à atualidade. O traçado da Moderna «Estrada Real» recalcou o dos caminhos medievais que, por sua vez, assentaram sobre o leito da via romana. O itinerário levava os peregrinos a passar por igrejas e capelas consagradas ao Santo Apóstolo - caso da Igreja de Castelo de Neiva, e da Igreja Paroquial de Vila Nova de Anha e Capela de Santiago em Viana - e por capelinhas da devoção de S. Roque, em Viana do Castelo e em Afife. Se nas igrejas e capelas os peregrinos podiam orar, nos mosteiros de S. Romão do Neiva e de S. João de Cabanas, em Afife, os romeiros podiam pernoitar e alimentar-se. Outro marco da assistência aos peregrinos, em Viana do Castelo é o Hospital Velho, construído com o propósito de, gratuitamente, dar assistência aos que viajavam de ou para Santiago.
Ainda hoje, por toda a extensão do Caminho, encontramos representações simbólicas de piedade popular pós Concilium de Trento - sejam cruzeiros, vias-sacras ou alminhas - que se destinam a fazer lembrar aos viajantes e caminhantes as almas dos que já partiram, pedindo uma oração que as guie, porque não, até Santiago...